Dedicado a todas as mulheres, em especial às mulheres ucranianas, às assinantes, benfeitoras e colaboradoras da revista Mensageiro de Santo António, às mulheres da Unidade Pastoral de Santo António dos Olivais.
Era hábito, quando vivia em Lisboa, deixar uma mensagem a todas as mulheres das comunidades paroquiais e centros sociais a que servia. Mudei de cidade e, dadas as conversas com os novos paroquianos, resolvi não perder este bom hábito. E, sobretudo, não fazê-lo com ênfase na retórica que acaba por não comunicar nada de novo.
Estou convicto de que precisamos cada vez mais do génio feminino de que falava João Paulo II, quer na igreja, quer na sociedade, para enfrentar os grandes desafios deste mundo.
No ano passado servi-me das palavras do Papa Francisco quando regressava do Iraque para deixar uma palavra de gratidão e de apreço para com as mulheres que encontro no dia a dia e que servem a comunidade civil e cristã.

Hoje o meu olhar detém-se na tragédia da Ucrânia. Vemos as imagens dos homens que fazem a guerra, mas não podemos fechar os olhos perante as filas de mulheres que fogem com os filhos para fronteiras mais seguras. É vergonhoso ver isto no nosso século: tão grande o avanço tecnológico, quanto pior a derrota humanitária. Vivemos de contradições. Proclamamos bem alto os valores e princípios éticos e com quanta leveza os transgredimos horrorosamente.
Mesmo assim temos mulheres por cá, portuguesas e ucranianas, que estão a preparar o acolhimento dos fugitivos e exilados à força. Mulheres que preparam a roupa, os medicamentos e os alimentos necessários. Mulheres que lutam para desbloquear a máquina burocrática. Ontem, na véspera do Dia da Mulher, havia uma reunião na nossa câmara municipal para discutir o acolhimento aos ucranianos, mas à única mulher ucraniana presente que queria intervir, foi-lhe impedido de falar porque era preciso inscrição prévia.
Mesmo chutadas para a retaguarda, elas estão na linha da frente, sobretudo quando com resistência e fortaleza, enfrentam os momentos mais duros e dolorosos da vida. Pensemos em Maria Madalena, tão discreta na vida de Jesus, confundida no meio dos apóstolos, não isenta de quedas e feridas, mas na linha da frente ao pé da cruz para recolher com a Mãe, outra mulher forte, o corpo sem vida do Amado e Filho.
Quantas mulheres à nossa volta, transformando a retaguarda na primeira linha de combate.
Então, a melhor forma para honrá-las é sermos cúmplices e aliados nesta batalha pela defesa da vida, da paz e do direito.
PS. Um obrigado a quem me desafiou à porta da igreja numa conversa após a missa dominical!
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