A temática sinodal acompanhar-nos-á ao longo do ano de 2022 através de vários especiais dedicados às questões sobre as quais é urgente escutar, dialogar e propor novos caminhos na fidelidade à alegria do Evangelho.
O Sínodo sobre a Sinodalidade está em andamento desde a sua abertura em Roma, a 9 de outubro de 2021, e nas igrejas diocesanas, a 17 de outubro de 2021. Terá a sua conclusão em Roma, em outubro de 2023, quando o documento final que manifestará o consenso do Povo de Deus (sensus omnium fidelium) e do Colégio Episcopal for entregue ao Papa.
Segundo o próprio Secretário Geral do Sínodo, Mario Grech, disse na sessão inaugural em Roma
Pergunto-me: se em vez de terminar a assembleia entregando o documento final ao Santo Padre, dermos outro passo, devolvendo as conclusões da assembleia sinodal às Igrejas particulares de onde começou todo o processo sinodal? Neste caso, o documento final chegaria ao Bispo de Roma, que sempre e por todos foi reconhecido como aquele que emite os decretos instituídos pelos concílios e sínodos, já acompanhado do consenso de todas as Igrejas. No entanto, o consenso no documento pode não limitar-se apenas ao consenso do bispo, mas estender-se também ao povo de Deus por ele novamente convocado para encerrar o processo sinodal aberto em 17 de outubro de 2021.
Não sei se já todos nos demos conta de que algo de novo emerge e podemos sonhar uma nova Igreja, menos desfigurada e mais fiel ao impulso original da Boa Nova de Jesus. Este é o tempo de pormos em ação em cada grupo, em cada comunidade, um laboratório de visões onde possamos escutar o que o Espírito Santo está a dizer à Igreja, escutando juntos a Palavra de Deus na Sagrada Escritura e na Tradição viva da Igreja e, depois, escutando-nos uns aos outros, especialmente aos que estão à margem, discernindo os sinais dos tempos.
O tema do Sínodo é deveras desafiante: “Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. O Documento Preparatório lança as bases do caminho a percorrer juntos: “o caminho da sinodalidade é precisamente o caminho que Deus espera da Igreja do Terceiro Milénio”, pois, “o nosso caminhar juntos é o que mais implementa e manifesta a natureza da Igreja como Povo de Deus peregrino e missionário”.
“Pela primeira vez, os leigos são protagonistas de um sínodo da igreja universal. E isso é algo de muito importante que nos deveria fazer saltar de alegria, pois se trata de algo inédito”.
Para nos guiar neste tempo de escuta do que o Espírito está a dizer à Igreja perscrutando os sinais dos tempos, a Comissão do Sínodo preparou o documento Vademecum que serve de base ao trabalho de escuta e diálogo nas dioceses e nos grupos.
Este Especial quer despertar-nos para a urgência de todos entrarmos neste caminho sinodal e para tal lança mão de três contributos (entre muitos outros possíveis), dos quais são aqui apresentados, com a devida vénia, alguns excertos, remetendo o leitor que queira aprofundar para a fonte original onde poderá ter acesso aos documento integrais:
- “Caminhar juntos, lado a lado, na mesma direcção”, Tony Neves, setemargens, 16 set 2021.
- “Cercasi laboratorio di nuove visioni” (Procura-se laboratório de novas visões), Domenico Marrone, Settimana News, 16 nov 2021, tradução de Rui Jorge Martins, Pastoral da Cultura, 23 nov 2021.
- “Como entrar em processo sinodal”, Cristina Inogês-Sanz, Vídeo conferência organizada pela Capela do Rato, 13 dez 2021.
A temática sinodal acompanhar-nos-á ao longo do ano 2022 através de pelo menos mais quatro especiais dedicados cada um deles às questões sobre as quais é urgente escutar, dialogar e propor novos caminhos na fidelidade à alegria do Evangelho.
Como entrar em processo sinodal

Cristina Inogês-Sanz
Porque é tão importante um sínodo sobre a sinodalidade, neste momento?
Para curar uma doença é necessário fazer um diagnóstico. E neste momento a situação da Igreja é realmente má. Enganamo-nos muitas vezes dizendo: não, a história da Igreja diz-nos que sempre houve momentos maus e que sempre soubemos sair deles. Sim, é verdade, houve outros momentos maus na história da Igreja, mas também é verdade que foi num mundo e numas circunstâncias diferentes das que vivemos hoje.
A situação da Igreja é má, o escândalo do abuso do poder nas suas várias vertentes: o abuso psicológico, o abuso espiritual, o abuso laboral e, claro, também todo o problema dos abusos sexuais.
Além disso, defrontamo-nos com um secularismo atroz, brutal, que está na sociedade, mas também perpassa na Igreja de muitas formas.
Estamos, pois, numa situação perante a qual a Igreja nunca se tinha visto antes, até porque temos hoje meios de comunicação e formas de nos relacionarmos uns com os outros que nos permitem ver o que acontece enquanto acontece, em direto, sem necessidade de que outros nos contem o que está a acontecer. Há que tomar consciência da situação atual e foi essa tomada de consciência que motivou fazer um sínodo sobre a sinodalidade.
Não se trata de reformar a Igreja, pelo menos como muitos pensam, quando ouvem a palavra Reforma e pensam em Lutero no século XVI; não é disso que se trata. Trata de que nós, cada um de nós, temos que aprender a ser Igreja de outra maneira. Pela primeira vez, os leigos são protagonistas de um sínodo da igreja universal. E isso é algo de muito importante que nos deveria fazer saltar de alegria, pois se trata de algo inédito.
Estamos, portanto, perante um sínodo que tem uma estrutura bastante diferente das que vigoraram anteriormente.
Estamos, sem dúvida, numa mudança epocal e, apesar de todas as contrariedades, há que viver este sínodo com entusiasmo. Estamos perante o acontecimento eclesial mais importante desde o Vaticano II. Pela primeira vez na história, todo o povo de Deus, incluída a ampla base laical, todos estamos convidados a falar. Isso nunca tinha acontecido.
Curiosamente Francisco faz finca-pé numa palavra que mete normalmente muito medo na Igreja, a palavra criatividade. Chegam-nos questões à Secretaria do Sínodo do tipo “como resolvemos isto, como fazemos aquilo”. Podemos dar alguma indicação técnica, mas não podemos orientar o trabalho, pois estaríamos condicionando a forma de trabalhar de cada diocese; então recorremos a essa palavra de Francisco que nos mete tanto medo, pois não estamos acostumados, que é a criatividade. Sede criativos, ponde a criatividade em marcha, não tenhais medo.
Estamos perante um processo espiritual e, isso o garanto eu, que, digamos assim, vejo a engrenagem do sínodo por dentro, não há verdadeiramente força humana que ponha isto em marcha, se não for pela força do Espírito.
É impossível, não por que não sejamos uma empresa ou uma multinacional, é que não há força humana que ponha em marcha um sínodo desta categoria se não for o Espírito a sustentá-la.
É curioso que no processo no qual se está desenvolvendo o sínodo estamos vendo de certo modo esta mudança de época, esta transformação do mundo entre o Norte e o Sul.
O Norte queiramos ou não queiramos admiti-lo está decaindo e está emergindo um Sul, provavelmente muito comprado pela China, mas isso são outras questões que talvez não nos tocam tanto, mas que deveríamos analisar pois nos afetam também e a teologia tem que estar na vida, resumindo: há um Norte que está decaindo e há um Sul que está emergindo. E é muito curioso ver como estas perguntas de que falava, como fazemos isto, como devemos proceder, vêm do Norte e como a criatividade está no Sul.

Os cinco desafios do Sínodo
Os desafios com que nos deparamos são muitos, são grandes e muito semelhantes em todo o mundo, pois vivemos num mundo globalizado. Gostaria de citar 5 desses desafios, sem seguir nenhuma ordem de importância.
O desafio de aprender a comunicar
Aponto como primeiro, não por que seja o mais importante, mas porque muitos nem sequer o consideram um desafio, o desafio de aprender a comunicar. Porque comunicar não é o mesmo que informar.
Como estamos a comunicar este sínodo? Como transmitimos o entusiasmo que tem que nos atingir por sermos protagonistas deste acontecimento eclesial pela primeira vez na história. Quer dizer, como contagiamos, como convidamos a participar. Eu falo por Espanha, não vejo nos meios de comunicação, sejam ou não afetos à Igreja, um plano de comunicação através da qual se convida a participar no sínodo ou pelo menos se dá a conhecer às pessoas que não frequentam os meios de comunicação da Igreja, que está a acontecer um sínodo.
A comunicação é um tema que temos pendente na Igreja, porque não sabemos fazê-lo. E não sabemos fazê-lo, porque nem sequer sabemos comunicar o que fazemos bem e fazemos muitas coisas bem, mas não sabemos contá-las, não sei se é por falsa modéstia ou porque de facto não sabemos fazê-lo, ou por uma má interpretação do que diz o Evangelho “não saiba a tua mão direita o que faz a esquerda”.
Algumas vezes é necessário dar a conhecer o que se faz. E creio que a comunicação neste sínodo, do mesmo modo que a linguagem, vai ser importante, pois temos que utilizar uma linguagem que todos possam entender. É importante saber comunicar, chegar às pessoas de uma maneira positiva. O que sabemos que está mal na Igreja sabemo-lo e sabe-o todo o mundo, graças aos meios de comunicação, porém também temos que contar o bom e este sínodo é algo fantástico para a igreja e para a sociedade, pois somos parte da sociedade na igreja e da igreja na sociedade se vivemos coerentemente com a nossa fé.
Não só temos que pensar na comunicação através dos grandes meios (jornais, rádio, televisão), temos que pensar também nas redes sociais, que bem utilizadas podem ser um canal importante para tornar visível este sínodo de uma maneira mais global e não apenas às pessoas “da igreja”.

Igreja, que estás disposta a escutar sobre ti mesma?
Em segundo lugar temos um desafio que é recuperar um diálogo com o mundo da empresa, da economia, o mundo da política, o mundo sindical, o mundo académico, o mundo cultural.
São âmbitos que deixámos como se aí não devesse estar presente a igreja e ao mesmo tempo pedimos que todos os cristãos se impliquem na vida civil. Temos que estabelecer um diálogo, porque não podemos contar apenas connosco mesmos, temos que escutar também o que nos têm a dizer desde fora.
No outro dia estava numa diocese e dizia-lhes que do mesmo modo que no Vaticano II há uma pergunta que nos marcou a todos “Igreja, que dizes de ti mesma?”, neste sínodo a pergunta poderia ser “Igreja, que estás disposta a escutar sobre ti mesma?”. E claro não somos só nós, os que estamos “obrigados”, de certo modo moralmente estamos obrigados a participar, porque moralmente temos a obrigação de mudar a igreja para melhor.
No entanto, não somos só nós, temos que escutar também o que nos chega de todo este mundo em que nos movemos e com o qual temos que ter uma relação estreita.
Temos que enfrentar a realidade no encontro com todas as realidades sociais sem nos despojarmos da nossa identidade. Pois, muitas vezes, também nos aproximamos renunciando à nossa própria identidade cristã e isso também nos fez perder credibilidade. Há que aprender a dialogar a partir de posições de encontro, mas mantendo a nossa identidade cristã.

A renovação teológica
Há um outro desafio, no qual a maioria não pensa, que é a renovação teológica. Tentamos dar respostas a um mundo em mudança rápida, no século XXI, com uma teologia velha de séculos, num ambiente e numa realidade diferentes, num contexto que já nada tem a ver com o mundo atual. Isso não significa que devemos apagar toda a teologia que temos, não, pelo contrário, trata-se de um património.
Porém, é certo que temos que renovar a forma de fazer teologia, pois não podemos chegar ao mundo de hoje, com as perguntas que se colocam hoje, com uma teologia feita, há séculos. A fidelidade ao Evangelho e a fidelidade à Igreja não consiste em repetir e repetir e repetir o mesmo desde há seculos, mas ter a capacidade para aprofundar e para interpretar melhor tendo em consideração as realidades atuais, que nos rodeiam e nos enfrentam diretamente, hoje.
Aos teólogos compete-nos, hoje, investigar em chave sinodal, em chave de diálogo, em chave de encontro, não só entre nós, mas também com as outras confissões cristãs, que recordo, estão convidadas a fazer ouvir a sua voz neste sínodo, e, inclusive, com outras religiões, que também estão convidadas a participar e fazer ouvir a sua voz neste sínodo.
Não é que tenhamos que misturar tudo, não é que tenhamos que fazer uma espécie de salganhada com todas as confissões e todas as religiões, não. Mas sim, estabelecer um diálogo, pois estamos a viver num mundo em que o vizinho do lado pode ser muçulmano, o da frente protestante e do piso de cima budista, quer dizer, temos a possibilidade de viver nos nossos prédios como se fossemos o Conselho Mundial, já não de Igrejas, mas de Religiões. E esta realidade afeta a nossa reflexão teológica e por isso, a renovação teológica, tem que ter em conta esse diálogo, essa abertura a aprender, a escutar e também, claro, a dizer e a contar às outras confissões e às outras religiões. Compete-nos investigar em chave sinodal para construir o Catecismo do amanhã, porque o Catecismo do amanhã não o podemos deixar apenas aos Catequetas e aos Catequistas das paróquias ou dos Colégios; é um trabalho que temos que partilhar com eles.
Se este Sínodo não sair bem e quando digo bem não digo conseguir uma igreja sinodal já em outubro de 2023, porque isso é impossível, pois somos pioneiros que estamos a fazer o caminho ao caminhar. Porém, se no final de 2023 começarmos a ver algo, começarmos a ver pequenos avanços, pequenas centelhas de luz nesse caminho que vamos abrindo, isso já será muito, pois a mudança vai ser lenta, tem que ser lenta, mas segura, mas tem que acontecer, tem que começar a ver-se algo já, pois está em causa o futuro da Igreja.

A aceitação da diversidade
O quarto desafio, que é, talvez, o que mais nos vai custar a todos, é a aceitação da diversidade na Igreja. Quando digo diversidade estou-me referindo, por exemplo, a fazer um estudo sério das necessidades pastorais das dioceses pensando nos ministérios que realmente fariam falta a cada diocese.
Este é um campo que de algum modo já começou a ser trabalhado no Sínodo da Amazónia, mas que agora temos que viver tendo em conta o contexto cultural e socio eclesial em cada diocese.
Isto seria deveras importante, porque, pela primeira vez, as igrejas, os bispos, têm uma autonomia face a Roma que não tinham antes. Haverá igrejas que necessitarão de um tipo de ministérios, haverá outras que necessitarão de outro tipo de ministérios e não será um problema que haja diferenças. Pelo contrário, tudo isso irá permitir-nos viver uma riqueza, que até agora, pelo facto de confundirmos a igualdade com a uniformidade, nos deixou perdidos em muitas ocasiões. Esse foi um erro colossal que cometemos.
Também nesta aceitação da diversidade entra aquilo que referia antes quando dizia que participamos todos. Mas, quem são esses todos? Literalmente todos e dizemos isso porque, por exemplo, quando pensamos nos pobres, temos que pensar não só nos pobres materiais, mas também nos pobres espirituais, que, muitas vezes, nessa margem que desenhamos simbolicamente a uma certa distância de um centro marcado por nós, quando, de facto, o centro da Igreja tem que ser Cristo.
E desse ponto central, todos estamos um pouco afastados, um pouco na margem, pois quem pode arrogar-se que vive focado nesse ponto central da Igreja que é Cristo.
Como se pode chegar, então, aos pobres? A Igreja tem uma estrutura na sua obra social que lhe permite ter já o mais difícil que é o processo de aproximação. Claro que há que fazê-lo com todo o cuidado, convidando a falar, não dizendo “seria interessante que dissésseis…”; não, é preciso respeitar a liberdade da pessoa, essa pessoa terá algo a dizer, que o diga, convidá-la a que o diga.
Há que saber aproximar-se também daqueles que consideramos uns seres passivos, mas que na realidade não sabem como falar.
Há que ter presente que na Igreja, uma das facetas mais delicadas nesta fase é a fase da escuta, porque nunca precisámos de escutar, pois tudo vinha de cima para baixo e não havia possibilidade de fazer um diálogo.
Esta fase de escuta é muito importante pois vai obrigar-nos a um exercício que nunca fizemos na Igreja: falar e escutar; e escutar com uma forma de escuta muito concreta, que é a escuta ativa, quer dizer, quando escuto o que outro ou outros me dizem tenho que me colocar na posição vital dessa pessoa, nessa bagagem vital em que viveu a experiência que nos está contando, pois só assim seremos capazes de entender algo que nunca pensámos ou algo que nunca vivemos.
Outro tema muito importante na Igreja para viver toda esta diversidade é o tema dos divorciados que voltaram a casar. Primeiro ninguém se divorcia por gosto, segundo para aceder a um processo de nulidade não é tão fácil e tão rápido como se poderia desejar e há muita gente que encontra outra pessoa com a qual compartir a sua vida. Há que contar com essas pessoas, criar-lhes uma barreira, uma separação não serve para nada; afastá-las de continuar a participar na Igreja não tem razão de ser. Temos que ser uma Igreja de comunhão e não uma Igreja de exclusão. E este Sínodo tem que nos levar a refletir até que ponto temos tantas vezes provocado a exclusão. Trata-se de algo delicado e delicada é também a forma de aproximação a estas pessoas, pois normalmente são pessoas que sofreram, para além do processo já de si doloroso do divórcio, sofreram também o processo de sentirem-se excluídas da Igreja.
Há outra realidade bastante complicada que é a realidade de todo o mundo da diversidade sexual, os LGBTI. Esta tarde, por exemplo, chegou-me uma consulta de um grupo de outra diocese que me dizia “chegámos ao tema da homossexualidade e há duas posturas que não nos permitem chegar a um consenso”. Então perguntei “como abordais o tema?”. Se o fizerdes do ponto de vista da moral jamais chegareis a um consenso, pois uns poderão aceitá-lo, outros não; então a ótica moral não pode ser a única para abordar esta realidade, por isso aconselhei que tomassem o texto do Evangelho no qual Jesus diz “há ovelhas que não são do meu rebanho, tenho que ir à procura delas, para que haja um só rebanho e um só pastor”. Desde esta ótica tentar chegar não a um convencimento, pois não vamos chegar a consensos em que uns ganham e outros perdem, mas antes aproximar posturas que nos permitam compreender a realidade das outras pessoas.
Há ainda outra realidade de pessoas profundamente feridas na Igreja que são os sacerdotes secularizados. Não são hereges, não são apóstatas, são pessoas que foram muito corajosas pois preferiram enfrentar esse processo em vez de levar uma vida dupla na Igreja. Acho que o contributo da sua experiência pastoral e mesmo da sua experiência teológica, conforme os cargos que ocuparam, é tal que não nos podemos dar-nos ao luxo de perder o seu contributo na Igreja; é um ativo que temos e não podemos colocá-los de lado e deixá-los abandonados à sua sorte.
Curiosamente uma das perguntas que mais chega à Secretaria do Sínodo é “como nos aproximamos dos afastados?”. Essa é uma pergunta que a mim pessoalmente me provoca sofrimento, porque me pergunto “que fizemos até agora, se não nos aproximámos dos afastados?”.
Primeiro há que criar neles um sentimento de que são reconhecidos positivamente, quer dizer, não são um gueto, um grupo à parte, antes há que acolhê-los positivamente e há formas para que eles se deem conta e, em segundo lugar, não é assim tão difícil chegar até eles, pois temos as redes sociais que nos oferecem oportunidades maravilhosas se as utilizamos bem.

Redescobrir o sacramento do Batismo
E deixei para o fim aquele que considero ser o verdadeiro desafio deste Sínodo, redescobrir o sacramento do Batismo. Temos que redescobrir a importância em si do sacramento do Batismo, pois só a partir daí entenderemos a corresponsabilidade que temos como membros da Igreja, ou seja como membros do Povo de Deus, porque descobriremos que (algo que muitas pessoas não sabem) o Batismo nos dá uma vocação que temos de ser capazes de ir descobrindo ao longo da vida para a por ao serviço de toda a comunidade e não me refiro apenas à comunidade eclesial, mas também à comunidade humana em que nos movemos todos os dias.
Há muitos mais desafios, sem dúvida, mas penso que ao nos centrarmos nestes, sobretudo nesta fase diocesana, se os enfrentarmos bem já será suficiente.
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